sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Terapia sim, por que não?


Este texto, de início, foi enviado para um pequeno grupo de amigos meus, mas, depois pensei que podem existir muitas pessoas na mesma situação que eu, porém, sem coragem de tomar uma atitude, então, fiz algumas modificações e resolvi torna-lo público.
antes da terapia

"Aconteceram algumas coisas em minha vida que me deixaram chateada, magoada, e até mesmo decepcionada, a princípio, e que depois evoluíram para uma depressão.
Durante mais de um ano eu me fechei para a vida, não quis sair de casa para nada nem queria ver ninguém. Minha auto estima foi embora e eu só queria ficar quieta no meu cantinho, com meus livros. Eu só ia ao trabalho e nada mais. Até uma hipertensão apareceu na minha história.
Depois resolvi procurar tratamento médico e comecei a fazer uso de medicamentos contra ansiedade, depressão e hipertensão, mas, somente medicamentos, sem terapia, não resolvia muito, pois eu continuava guardando para mim o que estava sentindo. Tinha muito preconceito em ir a um psiquiatra porque achava que "era coisa de doido"... o que iriam pensar de mim?
Nesse meio tempo, meus amigos me chamavam pra sair ou para festas e eu sempre inventava uma desculpa para não ir, então, aconteceu o óbvio, todos desistiram de me chamar (já que eu não ia mesmo...) e eu me vi totalmente isolada, no fundo do poço mesmo.
Mas, isso não foi culpa deles, e, sim minha, porque, afinal de contas fui eu que resolvi usar a técnica do avestruz e enfiar a cabeça num buraco fingindo que dessa forma os problemas desapareceriam. Mas não desapareceram.
Então, joguei meu preconceito no lixo e resolvi fazer tratamento psiquiátrico há três meses (agora não tenho vergonha de dizer em lugar nenhum), aí sim, as coisas estão começando a voltar aos eixos, já que posso falar e discutir abertamente sobre as coisas que estavam me fazendo mal.
Dessa forma, pude perceber que a fuga não era a solução que eu procurava, muito pelo contrário, tenho que encarar meus fantasmas de frente e enfrentá-los um a um. Isso é uma batalha diária.
Os únicos laços que eu não rompi foi com o meu filho e meus pais, eles são especiais demais, e, me ajudaram muito nessa caminhada. Mas e as outras pessoas?
Então, tive que começar do zero, resgatando os vários "departamentos" da minha que foram deixados para trás. Começando por mim, fazendo um regime, perdendo peso para ter de volta a auto estima perdida e abrir o coração novamente.
No momento, estou na fase de resgatar meus amigos, o que também é uma luta diária, pois, tenho que reconquista-los aos poucos, já que os abandonei sem ao menos dar uma explicação.
É claro que ainda existem “departamentos” a serem resgatados, mas, vai chegar a hora de cada um, tudo a seu tempo.
Todos os dias quando vou me deitar eu agradeço a Deus por ter passado mais um dia em paz e com vontade de viver. A minha alegria está voltando aos poucos... vivendo um dia de cada vez como se fosse o único !!!"


Depois de começar a terapia


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Poli


Me lembro de chegar ao PROCON, sempre muito atarefada, e encontrar no corredor uma moça linda, com dois olhos verdes assustados. Ela me abordou no corredor e perguntou: _ Aqui é o PROCON?. Eu, meio atordoada, respondi com outra pergunta: _ Você está precisando de atendimento?, Ela respondeu timidamente: _ Não, me chamo Poliane e vim trabalhar aqui, sou do trabalho educativo da Fundação Crê-Ser.
Respirei fundo, como que para começar tudo de novo, e disse com um sorriso aberto: _ Então seja bem vinda à equipe PROCON. Somos poucos, mas, somos “gente boa”, e, serviço é o que não falta !!!
Ela me devolveu um sorriso aliviado e tímido... mas era só o início. Era abril de 2010.
Com o passar do tempo, de tímida, ela mostrou que não tinha nada, mas, sim muita alegria e um alto astral contagiante, que coloriu o nosso PROCON. Sua espontaneidade contagiou a todos !
Mas, as regras são claras, atingindo a maioridade os adolescentes, que viram adultos, têm que sair do projeto para dar lugar a outros aprendizes, e, a nossa menina vai completar seus 18 aninhos no dia 20 de fevereiro... que pena pra nós. Ela é nosso xodó, ai de quem mexer com a nossa baixinha linda !!!
É claro que ela estava esperando uma festinha “surpresa” de despedida na sexta-feira, dia 18 de fevereiro, que é seu último dia de trabalho aqui conosco. Mas, para surpreende-la de verdade, tivemos a idéia de fazer a festinha na segunda-feira, pois, ela não estaria esperando.
E tome providências para fazer tudo sem que ela percebesse, esperta como ela só... Encomenda de flores e salgadinhos, compra do presente, tudo às escondidas, e, a chefinha aqui inventou um monte de coisa pra ela fazer na rua pra dar tempo de arrumar a festinha. Contamos até com a ajuda do Admilson do Almoxarifado Municipal, que foi incumbido de ficar enrolando a menina por lá enquanto eu não telefonasse dizendo que estava tudo pronto.
Por fim, festinha arrumada na minha sala com a porta fechada, eu entro chamando-a com uma cara de brava: _ Poli, vamos na minha sala agora que eu quero fazer uma reunião com todo mundo.
Todos já avisados me seguiram com uma cara temerosa de que “algo grave aconteceu”, e, quando ela entrou na sala foi aquela bagunça: flores pra cá, presente pra lá, empadão com coca-cola... uma farra que realmente pegou a Poli de surpresa. Foi tudo de bom !
Nós só podemos te desejar tudo de bom no caminho que agora a seguir na vida adulta, e, que todos os seus sonhos se realizem.
Eu, particularmente, me apeguei muito a você, minha menina que virou adulta.
TE AMO. BEIJOS E MUITO SUCESSO !!!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Se...

Peço licença ao (brilhante) poeta Djavan para publicar a letra de uma de suas mais bonitas composições porque estou (estava) justamente vivendo esta situação, porém, com papéis inversos, mas, nessa altura do campenato ficar correndo atrás e insistindo...
Então, tchal pra vocês que eu vou pra minha aula de japonês em braile !!!

“Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você
diz só que vive pensando em mim
Pode
ser

Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...

Eu levo a sério mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá, não quer meu calor
São Jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do
que você decidir se dá ou não.”