quarta-feira, 27 de novembro de 2013

João e Maria


Era uma vez João e Maria, que não se conheciam, apesar de saber da existência um do outro por uma amiga em comum.
Eram totalmente diferentes: João, intenso, sonhador, cheio de ideias na cabeça, dinâmico, não aguentava ficar parado; Maria, livrando-se de uma depressão, vivia entre a casa e o trabalho, e, nas suas horas de folga, escondia-se em seus livros para se refugiar da realidade. Em comum, tinham apenas uma coisa, dor de amor. A de João, recente, a de Maria, antiga, de alguns anos.

Um belo dia, João e Maria se conheceram. Rolou uma química quase imediata e ficaram juntos no mesmo dia. O que a princípio seria uma aventura, tornou-se um relacionamento.
A intensidade de João contagiou Maria, que sentiu-se viva novamente. Maria voltou a acreditar no amor e jogou-se de cabeça: riram muito juntos, faziam planos para o futuro e a química, nem é preciso dizer que só fazia aumentar. Viam-se todos os dias, algumas vezes até mais de uma vez, de tanto que um fazia falta ao outro.
Passavam os finais de semana juntos, conversando, cozinhando, fazendo amor. Tudo na companhia de João era interessante para Maria. Chegaram a passar um final de semana chuvoso trancados assistindo filmes e se amando como nunca, felizes que só.

Maria nunca tinha vivido uma situação como essa, estava sentindo-se tão feliz que parecia que ia explodir. Todos à sua volta notaram a grande mudança: aquela mulher que andava apagada, voltou a brilhar. Tudo isso por causa do amor.
Um dia, surgiu uma oportunidade de João dar uma guinada em sua vida. Maria foi a primeira a apoiar e ajuda-lo de todas as formas que podia. Até que um dia deu certo e João conseguiu dar a guinada que tanto queria, dizendo para Maria que aquilo seria para o futuro deles e que assim que desse a levaria com ele.

Maria sabia, no fundo de seu coração, que não seria bem assim, que as coisas iriam mudar, pois João passaria a viver uma realidade diferente, enquanto ela permaneceria na mesma. No início até que não mudou, João ficava ansioso para encontrar Maria e lhe contar as novidades, além, é claro, de se amarem muito, literalmente.
Mas, com o passar do tempo, como Maria previra, as coisas começaram a mudar. João já não tinha tanta pressa de encontra-la, já não conversavam tanto, não se amavam tanto, ele começou a ficar impaciente e incomodado com a presença dela. Maria lhe questionou o que o incomodava tanto, mas ele não admitiu a princípio, dizendo estar tudo bem.

Um certo dia, João resolver falar para Maria que as coisas haviam mudado sim, e, que ele precisava de mais espaço pra ele, que estava sentindo-se sufocado por ela. Maria sentiu uma dor que chegou a ser física, mas, entendendo que o amor tem que ser uma via de mão dupla, retirou-se imediatamente.
João insistiu que ela estava sendo drástica, que as coisas não tinham que ser daquele jeito, e, que precisavam muito conversar. Maria aceitou e esperou uma, duas semanas que ele fizesse contato, mas, ele, simplesmente desapareceu.

João foi viver sua nova vida e Maria voltou ao refúgio de seus livros, mas, todos os dias lê as mensagens de amor que ele mandava e se pergunta o que foi feito daquele cara?
Parafraseando Dr. Dráuzio Varela, no prefácio de um de seus livros, vos digo, toda história tem três versões: o de uma parte, a da outra parte e a verdadeira. Esta, é a versão de Maria.