quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Meu momento


As pessoas que me conhecem a pouco tempo acham muito estranho que uma mulher solteira, livre, desimpedida e (quase) independente goste de passar horas no sofá lendo um livro enquanto o mundo gira tão rápido lá fora.
Não fui sempre assim, já gostei de acompanhar o movimento frenético da vida, e muito. Não perdia uma festa, show, balada, qualquer coisa que juntasse gente e fizesse barulho, mas, depois, acabou. Em parte, acho que o fato de eu ter trabalhado numa delegacia de polícia contribuiu um pouco pra isso porque eu passei a conhecer algumas figurinhas não muito bem vindas no meu dia a dia, e, as reconhecia em meio à multidão de qualquer festa. Mas, também veio o fato de que certas diversões perderam a graça para mim. De repente, ficar no meio de uma multidão barulhenta passou a ser algo tedioso e irritante pra mim.
Então cheguei à conclusão que não fazia sentido ficar em meio a um monte de pessoas se empurrando e acotovelando se aquilo não tinha mais a menor graça pra mim. O problema é que as pessoas não entendem e acham um absurdo: “como é que você prefere ficar em casa enquanto o Sucupira “tá” bombando hoje a noite?”, ou “você não gosta de Cavalgada, como assim?”. Às vezes eu me sinto um ET por não gostar de ir aonde todos vão, ou, não gostar do que todos gostam.
O fato é que quando pego um bom livro pra ler eu me transporto para dentro das páginas e me sinto em meio àquela narrativa, imaginando cada personagem e cada lugar descrito. Se for um filme, que eu gosto muito também, analiso a personalidade dos personagens, a atuação de quem os representa, os cenários, a continuidade, fico tensa, tentando descobrir o que há por trás da trama... Isso tudo pra mim é tão divertido quanto os programas acima citados pelos meu conhecidos que me acham estranha. E assim gosto de passar minhas horas de folga, meus finais de semana, feriados, etc.
Costumo dizer aos meus colegas de trabalho que o fim de semana perfeito pra mim é aquele que eu entro em casa na sexta-feira depois do expediente e só saio novamente na segunda-feira cedo para voltar ao batente.
É claro que eu não virei uma eremita, um bicho-do-mato que não admite contato com a civilização... também não é assim gente!
Eu gosto de um churrasquinho de “porta de cozinha”, daqueles que vai uma meia dúzia de conhecidos e ficam como se estivessem em casa, sem frescura nenhuma. Se tiver um violão na roda então, aí é que esqueço da vida. Gosto também de ir ao bar do Joãozinho com meu filho, ou algum amigo (só três pessoas têm este título para mim), ficar conversando fiado enquanto devoramos uma montanha de carne com batata frita... adoro. Como vocês podem ver, abro minhas exceções se valer à pena. 
Outro dia estive conversando com uma amiga, no bar do Joãozinho, e ela me disse o que define minha vida atualmente: estou vivendo um momento muito EU. Aliás, o que me tem feito muito bem.

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