quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Carona sem jeito...


Na época em que trabalhava na delegacia, estava fazendo faculdade, e, a verba era escassa, de modo que qualquer jeito de economizar estava valendo. Um deles, o mais usado, era a carona, e, o nosso motorista mais generoso era o “Seu” Zé Newton, figuraça gente boa qualquer tanto.
“Seu” Zé Newton ficava esperando chegar o horário do pessoal que saía as 11:00h pra almoçar e nos dava carona até o centro da cidade, onde ele virava o carro e parava a fim de prosear com um amigo dele. Eu era a primeira da fila porque o local onde ele virava o carro era pertinho da minha casa... moleza!!!
Um belo dia estava eu com uma blusinha nova, um modelito tricotado em rosa e branco com um capuz muito singelo, uma graça só. “Seu” Zé Newton estava de Brasília, uma que ele usava para ir à roça, e, o carro tinha um daqueles bagageiros em cima, uma belezura.
Como sempre ele esperou o pessoal das onze sair e eu, toda serelepe, quis ir na frente “já que eu ia descer primeiro”. No banco de trás foram dois amigos dele, incluindo o Chiquinho, chegado gente boa também.
Chegando no sinal de trânsito onde ele sempre parava para eu descer, mas que depressa eu dei um pulo pra fora do carro e bati a porta. O problema é que o capuz da minha blusinha nova agarrou no bagageiro da Brasília e eu só percebi quando ele arrancou o carro.
Agora imaginem a cena: uma Brasília arrancando no sinal de trânsito com uma mulher “enganchada” nela, correndo atrás e gritando “espera aí Seu Zé...”. Alguns metros depois a porta do carro abriu e uma mão me puxou pra dentro, era o Chiquinho me resgatando.



Eu caí sentada na mesmo banco em que estava antes, até roxa de nervosa, e, ”Seu” Zé deu um pulo de susto perguntando: “Que ‘cê’ tá fazendo aqui de novo menina?”. O Chiquinho, em meio a muita risada respondeu: “Ô Zé, ela tava agarrada no bagageiro e você ‘tava’ arrastando ela pela rua afora e nem viu!”.
“Seu” Zé encostou o carro no meio fio mais próximo que havia e abaixou a cabeça no volante, dando uns espasmos com o corpo. Eu fiquei preocupada pensando que o susto pudesse ter causado algum mal a ele e o cutuquei pra saber o que estava acontecendo. Quando o danado levanta a cabeça, estava até sem ar de tanto que ria e lágrimas escorriam pelos olhos dele também. O Chiquinho teve até que abanar pro ar voltar, de tanto que ele ria de mim.
O pior vocês não acreditam. No aniversário dele eu fui levada de mesa em mesa sendo apresentada para a família como “a moça que ficou ‘garrada’ no bagageiro”. Todo mundo sabia do caso e disparavam a rir da minha cara quando ele contava a versão dele!!!
Sábado desses me encontro com ele e a família num restaurante e adivinha o que ele lembrou? “Gente essa é aquela menina que ficou agarrada no bagageiro da minha Brasília”... e nova sessão de risos.
Uma peça esse “Seu” Zé, nosso Inspetor, com uma cara de bravo mas um coração de manteiga, morro de saudades dele, de vez em quando vou contar outros casos dele por aqui.
Beijão Seu Zé !!!


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

COVARDIA !!!


Hoje me aconteceu algo que eu jamais imaginava, uma pessoa criou um perfil falso para me ofender em uma das minhas redes sociais. Por mais forte que eu pareça ser, isso mexeu muito comigo porque falou de um assunto muito sério pra mim: a morte, algo que para minhas convicções não significa o fim, mas, sim uma passagem para evoluir.
Sou uma pessoa que tem inúmeros defeitos, posso ser turrona, arrogante (às vezes), teimosa, falar alto, ser “um pouco” sincera demais, barraqueira, mas, covarde e/ou falsa jamais!
Gostaria de saber o que leva uma pessoa a se esconder por trás de um falso perfil para ofender as pessoas impunemente? É claro que eu poderia tomar providências jurídicas, mandar periciar o PC, indicar a pessoa suspeita, o que demoraria meses nos trâmites da nossa justiça, para, no final, eu receber uma indenização, ou a pessoa cumprir uma pena alternativa. Mas... e daí?

E o aperto no peito que estou agüentando aos trancos e barrancos, fingindo estar bem em meu local de trabalho, quando na verdade a vontade é de gritar de raiva? Chorando eu já estou enquanto digito essas palavras, mas, a angústia não está cabendo em mim. Não é raiva da pessoa em si, mas, raiva da atitude de escrever palavras tão ofensivas e não ter coragem de se mostrar.
Não vou repetir nenhuma das palavras aqui pra vocês, de jeito nenhum, porque não vale à pena divulgar algo tão baixo, tão vil, principalmente partindo de uma pessoa adulta. Mas saibam que doeu muito, mas muito mesmo ler a mensagem numa rede social em que várias pessoas lêem o meu perfil e suas mensagens.

Gosto muito das redes socias porque não saio de casa, então é o meio que uso para me comunicar com as pessoas. Há quase três anos faço um tratamento pra ansiedade e depressão, e, as redes me ajudam muito a interagir com as pessoas sem ter que sair de casa, coisa que já estou superando dando umas saidinhas de vez em quando. Mas aí vem uma pessoa “abençoada” e me manda uma mensagem bem ofensiva.
Acho que essas fotos que encontrei na internet ilustram exatamente o que é a pessoa que fez isso comigo, não precisa de mais palavras.
Fica apenas um pedido: quando quiser falar comigo, qualquer um, pode me procurar e dizer o que quiser, a minha fase “Pit Bull” já passou, não mordo mais. Aprendi a usar a maior arma que Deus me Deu: a inteligência!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Perdas...


Todos nós, pelo menos uma vez, em alguma conversa informal já pronunciou a frase “a única coisa certa na vida é a morte”, ou, “pra morrer basta estar vivo”, ou, “nada é para sempre”, e, o mais famoso “que seja eterno enquanto dure”. Atire a primeira pedra quem nunca disse nenhuma das frases acima.
O problema é quando a perda acontece conosco. Por mais que saibamos que, por muitas vezes, a situação é irreversível, fica difícil de aceitar a parda de alguém que amamos.

Existem as várias doutrinas religiosas, com suas explicações sobre a morte: a pessoa agora está melhor do que nós, pois está perto de Deus; agora ela está no paraíso, um lugar muito bonito onde não falta nada; e, a que eu prefiro acreditar, que a pessoa não acabou por ali, mas, sim evoluiu para um plano superior onde irá se preparar para voltar e ajudar outras pessoas que precisam evoluir.
Existem ainda as explicações religiosas para outras perdas: não era o que Deus queria para você; Deus tem algo muito melhor reservado para você; foi uma etapa que você precisou passar para evoluir (também é a que eu prefiro acreditar).

Seja qual for a doutrina religiosa de quem fica, nada aplaca a dor da perda. Seguir a rotina sem ter aquela pessoa fazendo parte do dia a dia é o que mais dói, é o que mais se demora a acostumar. A quem diga que a dor chega a ser física, o que não é difícil de acreditar, pois, é como se parte de nós fosse retirada.
Almoçar e jantar sem aquela pessoa na mesa, sair sem levá-la ou dar satisfações de que hora volta, ou, ainda telefonar para dizer que está tudo bem, ver algo numa vitrine e pensar que ficaria legal naquela pessoa, ouvir sua voz nos fazendo carinhos, nos dando conselhos ou até mesmo broncas, ouvir o telefone tocar com “aquela” música especial... enfim, hábitos arraigados em nossa vida que doem quando alguém que fazia parte deles nos são retirados.

Outro dia, em conversa com um médico, ele me disse uma coisa que eu nunca parei para pensar. O luto é de um ano não é à toa, pois, é o período necessário para que passemos todas as datas comemorativas, pessoais e coletivas, sem aquela pessoa. Aí sim, estamos prontos para seguir em frente com a vida.
Parei pra refletir sobre isso e cheguei à conclusão de que é mais do que a verdade. O amor jamais se apaga, o afeto fica nas boas lembranças, a graça, permanece nos fatos passados, mas, a dor da perda, esta se vai embora e se transforma em saudade, apagando todas as lembranças ruins.