terça-feira, 19 de abril de 2011

Estagiários...


Responda-me quem estiver lendo agora: _ quem nunca teve, ou, foi um estagiário na sua vida profissional?
Sim, estou falando deste ser que cursa faculdade, ou até curso técnico, que chega no seu trabalho com uma cartinha de apresentação, um belo sorriso no rosto e muita disposição “para aprender e fazer o melhor possível pelo desenvolvimento do setor (ou departamento) da melhor maneira possível, empreendendo todos os esforços necessários para tal”. Sim, é desta pessoa que estou falando.
Vou me dar ao luxo de incluir nesta categoria os menores-aprendizes, que participam do meu cotidiano profissional tanto quanto os estagiários. Portanto, toda vez que eu disser/ escrever “estagiário”, os menores aprendizes estão incluídos, ok?
Pude perceber que eles, os estagiários, se classificam em diversos tipos. Apesar de pouco tempo em de coordenação de equipe, cerca de dois anos e meio, pude catalogar e diferenciar os vários tipos que já passaram por mim. Vejamos então, lembrando que trabalho na área jurídica, e, vou me arremeter ao meu campo, mas, fiquem livres para fazer suas adaptações, cada um à sua área.
Tem o estagiário “certinho”, aquele que no primeiro dia já chega ao início do horário do expediente, pronto para trabalhar, de roupa social, pastinha de baixo do braço, cabelo penteado (normalmente engomado) e com vários  artigos sobre o assunto na ponta da língua... que medo !
O estagiário “puxa-saco” pode ser facilmente confundido com o tipo acima descrito, mas, cuidado, apesar das aparências, essa espécie é do tipo falso. Daqueles que quando você chama a atenção por algum erro, ele diz “muito obrigado, isso só vai aumentar meu conhecimento”, mas com um sorriso amarelo que quer dizer “seu FDP, ainda pego seu lugar!”.  
Já o tipo “distraído” é aquele que você gasta sua saliva por cerca de meia hora explicando a fundamentação legal de um procedimento quando, de repente, ele pergunta: “Será que vai chover?”. Este aí dá um trabalho danado porque costuma ser uma pessoa boa praça, daqueles que não fazem mal a ninguém, aí dá uma peninha de chamar a atenção.
Mas, todo cuidado é pouco, porque, o tipo acima pode virar um “enrolado”. É, de tanto você deixar pra lá os errinhos da pessoa ela vai se acostumando e acaba ficando um tremendo “171”, que vai “no vácuo” de algum colega, ou, se não tiver colega, faz aquela carinha de bonzinho na hora em que você for chamar a atenção, para, mais uma vez, deixar para lá.
O estagiário do tipo “dedicado” é uma espécie dificílima de encontrar no mercado. É aquele que está ali realmente querendo aprender alguma coisa, pesquisa suas dúvidas e já chega com respostas prontas. Discute os erros quando é chamado a atenção, se for pra defender um ponto de vista, e, acaba virando um parceiro no trabalho.
O problema se você não souber manter a distância exata é que ele pode virar um monstro, o tipo “vaidoso”. Você foi demonstrando tanta admiração e dando tanta credibilidade que ele foi crescendo, tomando espaço e o controle da situação foi perdido. Ele passa a te “avisar” em vez de “pedir”, e, costuma se passar por você na sua falta.
Vou encerrar com o tipo “atrapalhado”, que é aquele que você manda tirar cópia de um processo e no meio do caminho ele tropeça misturando as páginas. Ele troca nomes de clientes e empresas na hora de atender, acha que sabe do caso e acaba fazendo uma confusão danada. Ele tropeça no fio do seu estabilizador e desliga o seu PC na hora em que você está terminando de digitar um documento importante que esqueceu de salvar.
Enfim, eu poderia ficar aqui horas, ou linhas, a fio falando sobre os estagiários, mas não é essa a intenção, senão fica muito chato. A idéia deste texto me bateu hoje, do nada, na sala de espera do médico, enquanto eu pensava: ”nossa, em dois anos e meio já passaram tantos estagiários por mim e a maioria eu nem sequer sei por ande anda... vou escrever sobre isso”, simples assim.
Eu não quis escrever sobre os meus estagiários especificamente porque juízo de valor é uma coisa muito pessoal, e, algo que pra mim pode soar como uma brincadeira pode ofender a outra parte.
O importante é que também fui uma estagiária, talvez a “atrapalhada” (me lembro que já quebrei um telefone do meu chefe e já derrubei uma caixa de mil clipes no chão da sala dele também), mas, aprendi muito como profissional e como pessoa porque meu chefe sempre me cobrou que eu fizesse o que era da minha profissão, nada de se aproveitar pra pedir cafezinho, água, etc.
 No meu pouco tempo como “chefe”, tenho como regra que um estagiário não vai exercer nenhuma função que não seja atribuída à sua carreira, e, sempre que um novato senta-se à minha frente com sua carta de apresentação tremendo nas mãos eu digo “eu não faço questão de mais nada além de que você saia daqui dizendo que aprendeu alguma coisa”.
Mil beijos e abraços a todos os meus ex-estagiários e menores aprendizes, espero ter feito alguma diferença na vida de vocês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário