sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Mulher brava... ou não ?



Quando eu era criança, parece que foi ontem, sempre fui a menina-macho: adorava brincar de correr na rua, soltar pipa, apostar corrida de bicicleta, sem esquecer os tapas que já dei em muito menino na escola, mas, minha mãe, sempre vigilante, me repreendia:" _ Isso não é para menina!". E tome bonecas e panelinhas de presente... até mesmo aula de balé clássico e curso de modelo e manequim (na época era a moda), pra ver se ficava mais feminina. 
Mas, nada disso adiantou. Sou grande, falo alto, sou espalhafatosa e saio derrubando e/ou tropeçando em tudo o que tem pela minha frente (acho que até hoje não me situei no espaço que ocupo), e, não teria nada que pudesse mudar a minha natureza, então, minha mãe desistiu.
Quando chegou a adolescência, com quase 1,80 de altura, descobri o vôlei e basquete, então, eu realmente me realizava: meu espírito guerreiro aflorava e dava pra descarregar as energias, leia-se agressividade, numa boa, mas, é óbvio que de vez em quando dava uma escorregada fora das regras porque ninguém é de ferro. Desta vez, o fato de não ser uma menininha frágil me dava vantagem sobre as demais... era a minha vez !!!
Chegou a vida adulta e com ela muitas atribuições, como ser mãe, por exemplo. Mas não tive muitas dificuldades nesta tarefa porque, afinal de contas, todos dizem que sou muito “rigorosa e exigente”, e, meu filho é um amor de pessoa que nem se compara comigo quando tinha a idade dele. E pra melhorar a situação, gostamos dos mesmos esportes e músicas, o que rende assunto pra muita conversa fiada entre nós enquanto comemos uma carne feita no bafo.
Também era hora de trabalhar, e, quando dava aulas, meus alunos me obedeciam sem pestanejar, porque “a professora era brava demais”. Na minha experiência como escrivã não tive dificuldade nenhuma, principalmente quando me levantava para receber a pessoa que entrava em minha sala era engraçado vê-los olhar para cima.
Na profissão que escolhi o meu grande porte e fala altiva me ajudam bastante também, pois, no conhecimento popular “advogada tem que ser brava”. Já flagrei alguns dos clientes da assistência gratuita (o único meio pelo qual aceitei advogar) que adoravam me exibir aos seus desafetos no fórum, mostrando de longe “aquela é a minha advogada, vem pra você ver!”.
Em todos os lugares que trabalhei e frenquetei sempre era aquela que ouve confissões e dá conselhos; aquela que ajuda a resolver os conflitos; a colega que sempre tinha uma resposta pronta pra tudo; a funcionária que procurava solucionar problemas rapidamente; a pessoa de gênio forte que “era melhor não mexer”; a aluna que representava a turma na diretoria da faculdade, a vizinha que espanta a meninada só de aparecer na varanda, a mãe “legal” da turma que entende de futebol e gosta de rock...
Tudo bem, gostaria de aproveitar o momento e fazer algumas confissões:
- morro de medo de insetos de qualquer espécie, não tenho coragem nem de jogar o chinelo de longe para matá-los;
- não sei trocar pneus, botijão de gás, lâmpada, chuveiro, e, nem tenho vontade de aprender;
- não tenho respostas para tudo que me perguntam, apesar de fazer cara de pensativa na hora;
- adooooro cor-de-rosa em tudo: roupa, sapato, bolsas, acessórios, cadernos... o meu blog !!!
- choro assistindo filmes, último capítulo de novela ou lendo livros tristes;
- li toda a série Crepúsculo, adorei de montão, e, sou apaixonada pelo Jacob (o lobisomem);
- tenho medo de ficar sozinha em casa, principalmente à noite quando escuto barulhos por todos os lados;
- sou viciada em perfumes, cremes hidratantes e sabonetes de toda a espécie;
- tenho medo de perder meu “filhinho” para a primeira “coisinha qualquer” que aparecer;
- já chorei no travesseiro, ou debaixo do chuveiro, por um amor impossível;
Enfim, também sou “mulherzinha” de vez em quando... mas, é claro que faço tudo isso escondido, porque, afinal de contas eu tenho que manter a minha fama de BRAVA !!!

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